domingo, 29 de setembro de 2024

Enciclopédia Trópico - Um Marco na Literatura Brasileira!

 



É imperdoável que o advento da internet que permite fazer o resgate de obras essenciais sobretudo se falamos em cultura literária, que hoje em dia não encontremos nenhum estudo ou ensaio sobre a seminal Enciclopédia Trópico.
Aqui devo me permitir e que vocês me permitam abandonar o tom isento de pesquisador e confessar que o estudo desta maravilhosa obra se deve a este escriba, ter tido contato com ela quando criança e por ela ter irremediavelmente influenciado em minha formação cultural e artística.



Para começar precisamos entender que a Enciclopédia Trópico foi lançada pela primeira vez no Brasil em 1957 em 10 volumes que é justamente a edição que iremos tratar aqui, nesse período que se estendeu até o início dos anos 80 era comum e de praxe a venda de enciclopédias em vários volumes, com vendedores oferecendo planos de compra de porta em porta. A Trópico foi provavelmente a primeira enciclopédia com um tom mais simples e de fácil entendimento, publicada no Brasil pela "Livraria Martins Editora S.A", em minha pesquisa tentei entrar em contato com a hoje editora Martins Fontes, mas não souberam me informar se a antiga editora tinha algo a ver com eles. No interior da enciclopédia há uma informação que diz a propriedade literária e artística da enciclopédia no Brasil pertence à Giuseppe Maltese, mas também não consegui até o momento verificar se este teria algo a ver com a atual Editora Maltese, segredos inerentes ao mundo literário...
Sua edição original é da Editorial Larousse da França.
Além do Brasil a enciclopédia foi lançada na Europa e nos EUA em 12 ou 15 volumes dependendo do país, mas aqui foi condensada em 10 edições sendo mantido todo o seu conteúdo.

    

Voltando à Trópico, ela foi publicada por muitos anos no Brasil mas com capas diferentes e menos conteúdo, sendo esta primeira edição de 10 volumes a completa que foi publicada com capas em cores distintas, nos dias de hoje impossível se encontrar completa e em bom estado.



A Enciclopédia Trópico tinha um charme e uma formatação únicos, além de possuir como dissemos uma linguagem fácil e simples para tratar assuntos que iam da Pré- História às Ciências, os tópicos eram bem interessantes e divididos em temas como "História da Humanidade", "História das Religiões", "Mitologia Grega", "Mitologia Nórdica", "Biografias de Personagens Famosos da nossa História e Mundial",  "História dos Presidentes do Brasil", "Animais", "Insetos", "Fauna e Flora", "Comunicações", "Estilos de Arquitetura", "Mitologia Grega" e mais uma quantidade enorme de temas interessantes, como ensaios sobre países exóticos e invenções do homem, um trabalho primoroso de pesquisa, por isso o sucesso entre a garotada e adolescentes daquela época!
Por exemplo o artigo descrevendo a Divina Comédia é algo maravilhoso e muito marcante!

    

Além desta variedade de assuntos a Trópico contava com um detalhe sui-generis: Toda a ilustração de suas páginas era feita com desenhos e pinturas feitos à mão, isso mesmo, muitos deles pequenas obras de arte retratando com fidelidade cada tema tratado,  até o detalhe dos títulos dos capítulos ganhava um charmoso detalhe artístico! Para mim, um menino chegando à sua primeira década de vida e apaixonado por desenho, quando ganhei e abri pela primeira vez um volume da Trópico foi como adentrar em um novo e maravilhoso mundo, eram tardes inteiras dedicadas a produzir em folhas de papel aqueles desenhos fantásticos, isso com certeza teve influência decisiva em minha carreira artística e na profissão que exerço hoje.

  

Evidentemente que os editores ao criarem a enciclopédia chamaram um time de artistas para tratar desta parte artística, infelizmente como era comum à época, nenhum artista é creditado no expediente da Trópico e não os reconhecemos a não ser por alguns deles que assinaram suas artes como "Pescador", "Pal", "Jacobios".
Ao contar de 20 anos, foi o tempo exato para que eu enfim conseguisse minha coleção completa e assim unida percebe-se ainda mais a força da obra!

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Além é claro da estética saudosista e artística da coleção, há um detalhe muito importante neste ( e pode-se dizer em muitas das enciclopédias da mesma época) trabalho que é o fato de o leitor ainda ter em mãos um conteúdo que não foi despersonalizado e não criminosamente "revisionado" em seu conteúdo como é comum principalmente em nossos livros de história atuais. 
Hoje infelizmente com a internet e as mídias digitais uma obra como essa teria seu conteúdo disperso perdendo a força de seu conteúdo, porém o ponto positivo é que essa mesma realidade nos permite fazer este tipo de resgate histórico de uma obra que é atemporal. 







quarta-feira, 27 de julho de 2022

Silence Man - O Paladino do Silêncio!!!

 Aqui cabe um pouco de história e que época bacana pra rememorar!

Estamos falando da segunda metade dos anos 90 quando os Fanzines de Papel ainda fervilhavam e a gente que participava ativamente deste movimento, éramos ansiosos em criar e dar vida no papel às nossas criações, em quadrinhos dos mais variados estilos! Aqui em São Paulo tínhamos até um grupo fixo que se encontrava na saudosa Cultura Pop um espaço alternativo criado pelo herói José Salles ( cineasta, roteirista e escritor) onde nos reuníamos Eu, Salles, Laérçon Santos ( Boca Suja e Bestagem Zines), José Nogueira (Delírio Cotidiano), Marcello Kaskadura e todas as figurinhas carimbadas da Cultura Underground e foi através de Salles que conhecemos outro doido inventivo, o André Pagnossim, cineasta amador e roteirista! 

sexta-feira, 24 de junho de 2022

Máscara Noturna um capítulo à parte na histórias dos Super Heróis Brasileiros

Nota de Edu Manzano: Para esta edição da sessão "Vim, Li e Contei..." trouxe um texto que muito me honrou escrito pelo pesquisador de quadrinhos Vinicius A. Oliveira sobre o anti-herói criado por mim e José salles, o Máscara Noturna desde sua concepção até sua edição, distribuição e vendas ele se mostrou um acontecimento único nos quadrinhos brasileiros, acompanhem a saga...

por: Vinicius A Oliveira


A Semente...
Não é segredo nenhum que o gênero super heróis nos quadrinhos sempre teve uma forte e prolixa produção no Brasil, iniciando na década de 50 e 60 em seus primeiros passos ainda calcados na produção norte americana. Ao contrário do que prega erroneamente o gênero brasileiro soube muito bem desenvolver-se e nas últimas décadas modelar seus próprios conceitos, e características próprias amadurecendo como linguagem narrativa e artística, a exemplo de criações como Meia-Lua de Laudo Ferreira, Gaúcho de Julio Shimamoto, Meteoro de Roberto Guedes, Solar de Wellington Srbek, Cometa de Samicler Gonçalves, Quebra Queixo de Marcelo Campos Necronauta de Danilo Beyruth, e também tantos outros exemplos de iniciativas do meio alternativo de igual riqueza narrativa que infelizmente a limitada visão editorial de nosso país não deixa ver a luz do dia.

sábado, 9 de abril de 2022

Como registrar seus personagens ou obras artísticas

 Edu Manzano



Uma grande dúvida de quem trabalha no mercado de Ilustração e Gráfico e sobre a propriedade e como registrar suas criações para poder, além de legalizá-las, garantir que elas não sejam roubadas e usadas indevidamente, além de estar respaldado na lei caso precise recorrer à justiça para defender seus interesses.

Profissão Quadrinista: Ser Artista ou ser mais um na engrenagem?

 por Helena Sarkolski


O Artigo aqui não pretende ser uma visão definitiva sobre os rumos da profissão do Quadrinista no mercado atual dos quadrinhos e nem um estudo pormenorizado sobre o tema, mas abordar um aspecto importante deste ofício: "Qual afinal é o papel do profissional de Histórias em Quadrinhos?", qual sua posição diante deste Mercado?

Moonshadow - Obra magnífica e substimada!


 por: Edu Manzano

Estas resenhas que tenho feito de quadrinhos que foram importantes para mim  tratando de capítulos importantes das hqs,  tem tido uma resposta muito boa em visitas e cumpre a importante função de resgate e estudo destas obras, visto que a maioria delas não se tratam de obras "best sellers" mas que buscam tirar o leitor de um aquário editorial que este tem estado há anos!

Desta vez tratamos de uma das maiores injustiças do mundo dos quadrinhos: Moonshadow uma obra de peso, irretocável em sua força, sua originalidade e pioneirismo.
Lançada no início dos anos 90 época em que iniciava um declínio importante na qualidade dos roteiros das grandes editoras, Moonshadow tomou a rota contrária mostrando-se uma obra de primeira grandeza. Na medida em que se citam nome de Obras como Watchmen, Sandman, Cavaleiro das Trevas,  impulsionadas entre os leitores pela mídia especializada, Moonshadow infelizmente é injustamente esquecida estando no patamar e quiçá até além destas tão alardeadas.




"Um Conto de Fadas para adultos"

Alameda da Saudade de Edu Manzano

 


 por: Ed Oliver

Inaugurando esta sessão onde dividirei com vocês minhas impressões sobre os quadrinhos mais relevantes que li, que me marcaram e que muitas vezes percebemos que passam despercebidos da grande mídia e nos sobrevém o impulso de fazer alguma justiça a este trabalho.